Fruto pequeno, adocicado, redondo, de coloração verde e casca fina. A sorva, alimento da região amazônica, foi o fruto ingerido por Glaucon e Gleison, irmãos de 7 e 9 anos de idade que passaram 27 dias perdidos na floresta, em Manicoré, a 390 quilômetros de Manaus.
Os irmãos desapareceram no dia 18 de fevereiro, quando foram caçar pássaros na mata e não retornaram.
Após serem encontrados em estado severo de desnutrição e com escoriações, na última terça-feira (15/03), a dupla informou a familiares que não ficou sem se alimentar durante o período em que estava perdida na floresta porque consumiram o fruto.
A agricultora Rosinete da Silva Carvalho, mãe das crianças, contou a conversa que teve com as crianças sobre como elas sobreviveram na floresta:
“Eu perguntei ‘meu filho vocês não comeram nada?’ Ele me disse: ‘a gente comeu sorva, mãe’. Os meninos sempre comiam sorva porque meu filho mais velho pegava quando ia caçar e sempre que via trazia uma saca pra eles. Então eram acostumados com a sorva”
A nutricionista e autora do livro Frutos Amazônicos, publicado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Fabiana Neves, afirma que a fruta, apesar de saborosa, é difícil de ser encontrada nas feiras.
“Algumas pessoas não gostam de consumir a casca dela pela presença do látex, que quando a gente mastiga passa uma sensação igual a de chiclete, assim como a jabuticaba. Mas ela também tem muitas propriedades e fibras alimentares. Algumas famílias ribeirinhas gostam de consumir essa fruta no café, no lanche e nos intervalos. Não costuma ser uma fruta consumida após o almoço porque tem muita fibra”, explica.
Historicamente, a sorva era um alimento usado por seringueiros que saíam para trabalhar na floresta sem levar nenhum alimento e fazia parte da nutrição diária desses trabalhadores.
Fonte: G1