Lojas do Carrefour são alvo de protestos e ataques após assassinato de homem negro

Foto: Tiago Boff
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O assassinato por espancamento de um homem negro em uma loja do Carrefour Brasil em Porto Alegre na noite de quinta-feira, véspera da data em que várias cidades do país comemoraram o feriado do Dia da Consciência Negra, provocou protestos e ataques a lojas da rede em vários locais do país e gerou pedidos de boicote contra a rede varejista, além de manifestações contra o racismo.

Na capital gaúcha, manifestantes depredaram carros de entrega da rede no estacionamento da loja onde João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado até a morte por um segurança e por um policial militar temporário que estava fora de serviço.

Em São Paulo, um grupo que participava de uma marcha pelo Dia da Consciência Negra atirou pedras contra a fachada de uma loja da rede na Rua Pamplona, perto da Avenida Paulista, estilhaçando vidros e danificando carros que estavam no estacionamento do local. Também invadiram a loja e quebraram vidros e depredaram o estabelecimento, mostraram imagens na TV.

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Outros protestos aconteceram em lojas da rede em outras cidades, como Brasília e no Rio de Janeiro, onde cerca de 200 manifestantes tentaram bloquear o funcionamento de uma loja da rede na Barra da Tijuca e chegou a ocorrer um princípio de tumulto.

O assassinato na loja do Carrefour em Porto Alegre é o mais recente episódio violento ocorrido dentro de um estabelecimento da rede varejista no Brasil e levou o chairman e presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, a se manifestar em sua conta no Twitter.

“Em primeiro lugar, gostaria de expressar meus profundos sentimentos, após a morte do senhor João Alberto Silveira Freitas. As imagens postadas nas redes sociais são insuportáveis”, escreveu ele na rede social.

Foto: Ronaldo Bernard
Foto: Ronaldo Bernardi

“Medidas internas foram imediatamente tomadas pelo Grupo Carrefour Brasil, principalmente em relação à empresa de segurança contratada. Essas medidas são insuficientes. Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência.”

Ele pediu também que a filial brasileira realize “uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros, no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância” e que o Carrefour Brasil colabore com as autoridades e com a Justiça na investigação do caso.

O empresário Abilio Diniz, que integra o Conselho de Administração do Carrefour Brasil e é um dos acionistas da companhia, também se manifestou no Twitter, classificando a morte de Freitas como “tragédia e uma enorme brutalidade”.

“Pedi à empresa que não meça esforços e trabalhe incansavelmente para que fatos trágicos como este jamais se repitam no Brasil”, escreveu.

“E mais, que o Carrefour se organize para ser um agente transformador na luta contra o racismo estrutural no Brasil e no mundo.”

Também nas redes sociais, internautas pediram um boicote ao Carrefour e compartilharam uma imagem do logo da empresa com sangue e a palavra “racismo” no lugar do nome da companhia.

O assassinato de Freitas, cujo vídeo do espancamento foi amplamente compartilhado nas redes sociais na sexta, teria ocorrido após ele discutir com uma caixa do supermercado que então chamou o segurança da loja.

O vídeo do espancamento mostra Freitas sendo agredido por dois homens, identificados como Magno Braz Borges, segurança do Carrefour Passo D’Areia, e Giovani Gaspar da Silva, policial militar temporário. De acordo com testemunhas, Silva estaria fazendo compras quando participou do espancamento.

Freitas aparece sendo agarrado por um dos homens enquanto o outro dá socos em sua cabeça. Depois, um dos homens coloca o joelho nas costas da vítima enquanto o outro continua batendo. Uma mulher, identificada depois como também funcionária do Carrefour, de acordo com a mídia local, filma a agressão de perto.

A polícia foi chamada depois que Freitas já estava imóvel. Uma ambulância também foi chamada, mas o homem agredido já estava morto.

Os dois agressores foram presos em flagrante e autuados por homicídio triplamente qualificado.

NOVO EPISÓDIO

Em nota, a Brigada Militar –como é chamada a Polícia Militar do Rio Grande do Sul– informou que Silva não é policial efetivo, não estava em serviço policial e tem atribuições restritas a atividades administrativas e videomonitoramento. Segundo a BM, a conduta de Silva fora do horário de trabalho será “avaliada com todos os rigores da lei”.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ao lado da chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr, afirmou que as imagens causam indignação e que todas as circunstâncias estão sendo apuradas para que os responsáveis sejam punidos.

“Todo o esforço do Estado estará na apuração para que os responsáveis por esse crime enfrentem a Justiça, tendo a sua oportunidade de defesa. Mas as cenas são incontestes de que houve excessos que deverão ser apurados”, disse o governador.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Mohr afirmou que será aberto um Processo Administrativo Disciplinar e que o PM temporário deve ser expulso da corporação, além de responder a processo criminal na Justiça.

“Como é temporário, pode ser demitido a qualquer momento, apesar de ter a ampla defesa. O crime em si já nos habilita para tomar as medidas de exclusão”, disse o coronel.

Mohr disse ainda que Freitas já estava fora do supermercado e a situação estava sob controle e não havia razão sequer para imobilização, muito menos para agressão.

Em nota divulgada através de suas redes sociais, o Carrefour Brasil afirmou que “lamenta profundamente” e classificou a morte como “brutal”.

“Iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente”, diz o texto. “Estamos profundamente consternados com tudo o que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo o suporte para as autoridades locais”, afirmou a empresa em comunicado.

Além disso, o Carrefour afirmou que vai fechar a unidade em respeito ao homem morto e entrar em contato com sua família. A companhia também informou que vai cancelar o contrato com a empresa responsável pela segurança e que o funcionário responsável pela loja no momento do espancamento será demitido.

Em meados de agosto, um homem passou mal e morreu em uma loja do Carrefour Brasil em Recife, e o corpo foi coberto com guarda-sóis e separado do movimento de clientes por meio de caixas e barreiras improvisadas, enquanto o estabelecimento seguiu funcionando, de acordo com relatos e imagens publicados em redes sociais. Na ocasião, a empresa afirmou que a forma como tratou da ocorrência foi inadequada e pediu desculpas.

Nesse caso, o Carrefour disse que mudou orientações aos funcionários para incluir a obrigatoriedade de fechamento da loja.

Em 2018, um segurança de uma das lojas da empresa no Estado de São Paulo matou um cachorro de rua que circundava o estabelecimento após golpear o animal com uma barra metálica, num caso que causou revolta em redes sociais e de organizações de defesa dos animais.

Reuters

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