A Zona Franca de Manaus deixou de receber pelo menos R$ 650 milhões que seriam investidos em projetos industriais. A informação foi divulgada pelo presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, que citou declarações do ministro da Economia e também e também presidente do Conselho de Administração da Suframa, Paulo Guedes, a respeito do modelo como motivo de insegurança para novos investimentos.
Segundo Périco, as empresas não querem arriscar colocar dinheiro em um ambiente de instabilidade econômica. “Todas as vezes que o ministro se pronuncia é com um antaganismo àquilo que tem toda a atenção dos investimentos no País. Foram anunciados R$ 500 milhões pela Honda e R$ 150 milhões da indústria de concentrados. Esses recursos agora estão em espera. Ninguém vai colocar um centavo aqui enquanto não tiver um ambiente que garanta o mínimo de segurança e respeito aos investimentos já existentes”, disse o dirigente.
Cenário
Questionado sobre o assunto, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, disse que o cenário é de insegurança, levando empresários a a travarem investimentos.
“Lamentavelmente o ministro Paulo Guedes parece que elegeu a Zona Franca de Manaus para ser sua vítima preferencial e isso é preocupante. Eu não diria que as empresas estão desistindo, mas colocaram o pé no freio para ver o que acontece”, contou.
Em abril, Guedes chegou a pedir desculpas por telefone ao senador Omar Aziz (PSD), após dizer que a Zona Franca de Manaus era um peso para o resto do País. Entretanto, a bancada do Amazonas no Congresso segue de sobreaviso.
O economista Luan de Menezes avalia como negativa as declarações do ministro. “Guedes nunca foi político, portanto ele mesmo subestima os efeitos de suas declarações. Elas foram infelizes e bem negativas para a a imagem do Estado, pois colocaram o Amazonas como o inimigo do resto do País. Toda essa confusão não ajuda os investidores a se decidirem”, alertou.
Faturamento
Dados disponíveis no site da Suframa mostram que o modelo Zona Franca de Manaus gera mais de 80 mil empregos diretos por ano e fechou 2018 com faturamento de R$ 92,67 bilhões.
De janeiro a maio deste ano, o faturamento do Polo Industrial foi de R$ 40,8 bilhões, um crescimento de 10,7% em relação ao mesmo período do ano passado,que foi de R$ 36,8 bilhões.
Fonte: A Crítica