Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) descreveram uma nova espécie de palmeira na região.
Dessa vez, trata-se da palmeira do gênero Mauritiella, da família Arecaceae, e as últimas atualizações deste gênero aconteceram em 1935.
A planta foi encontrada pelos pesquisadores pela primeira vez na BR-319 (Manaus-Porto Velho-RO), em 2007, durante um levantamento de inventários florísticos. Um ano depois foi achada na rodovia Transamazônica.
O processo de descoberta e descrição da nova espécie foi demorado: levou quase 15 anos, e foi possível por meio de financiamento de trabalhos de campo e de laboratório, como análise de DNA.
O estudo envolveu uma equipe multidisciplinar e internacional, formada por ecólogos, botânicos, biogeografos e bioinformatas, que acessaram áreas remotas da floresta amazônica.
Mauritiella disticha
De pequeno a médio porte, a nova palmeira alcança até sete metros de altura, possui caule coberto de espinhos, folhas com formato de leque e frutos ovais parecidos com os do buriti. Porém, o INPA ainda precisa de mais pesquisas para afirmar se é próprio ao consumo humano.
O trabalho com a nova descoberta foi publicado recentemente em artigo da revista da americana Systematic Botany.
E conta com assinaturas de cientistas renomados na área, inclusiva os egressos dos cursos de Doutorado em Botânica e em Ecologia do Inpa, Eduardo Prata e Thaise Emilio, vinculados ao Laboratório de Ecologia e Evolução de Plantas da Amazônia (Labotam/Inpa).
Relevância
De acordo com Eduardo Prata, o achado científico no bioma mais biodiverso do planeta revela o quanto ainda há para se conhecer na flora Amazônica. Outro fator importante é a relativa facilidade de diferenciá-la pela aparência de indivíduos de outras espécies.
“Isso reflete não apenas a elevada diversidade de espécies na Amazônia, como também o baixo número de taxonomistas e a escassez cada vez maior de recursos e investimento em pesquisa na região e no Brasil de uma maneira geral”, destacou o biólogo.
Preservação
Mesmo sendo recém-descoberta, a distribuição da espécie preocupa cientistas pelo fato de ocorrer em parte no Arco do Desmatamento, região sujeita à degradação por abertura de estradas, desmatamentos, queimadas e ocupação irregular por grileiros.
“Isso, somado ao fato da aparente baixa densidade populacional da espécie, nos levou a categorizá-la como Vulnerável, de acordo com os critérios da Lista de Espécies Ameaçadas da International Union (IUCN)”, explica a bióloga Thaise Emilio, integrante da pesquisa.