O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em reunião com prefeitos, que repassa verbas para municípios indicados por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
O áudio da reunião foi obtido pelo jornal “Folha de S.Paulo”, que revelou o conteúdo da fala de Ribeiro na noite desta segunda-feira (21) em reportagem no site da publicação — na semana passada, o jornal “O Estado de S. Paulo” já havia apontado a existência de um “gabinete paralelo” de pastores que controlaria verbas e agenda do Ministério da Educação.
Milton Ribeiro, afirmou na gravação que prioriza o orçamento de cidades escolhidas por um pastor a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). As pessoas que no áudio são tidas como importantes influenciadoras nas decisões sobre orçamentos liberados pelo MEC (Ministério da Educação) não têm cargo no governo e atuam em um esquema informal de repasse de recursos às cidades.
No áudio gravado durante a reunião, é possível ouvir a fala do ministro e a menção dos dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles não têm cargo no governo, mas participaram de várias reuniões com autoridades nos últimos anos.
O jornal afirmou ainda que Gilmar Santos e Arilton Moura têm trânsito livre no ministério e atuam como lobistas. Em 2021 os dois se reuniram 18 vezes com Milton Ribeiro, de acordo com registros oficiais. A agenda do ministro afirma que esses encontros eram de “cortesia” ou para tratar de “obras” ou de “alinhamento político”.
Vale lembrar que o governo Bolsonaro é marcado por cortes de recursos da educação e pelos menores investimentos da década na pasta, nos dois primeiros anos da sua gestão. Procurado, o Ministério da Educação não informou as circunstâncias em que o áudio foi gravado, como data e local, mas que deve divulgar uma nota sobre o assunto ainda nesta terça-feira (22).