Em meio ao risco de genocídio dos povos indígenas com a pandemia do novo coronavírus, missionários evangélicos da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB) entraram e saíram do Vale do Javari, na Amazônia, área com a maior concentração nacional de tribos isoladas e de recém contato. As viagens foram realizadas com o helicóptero R66, sem autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai). As informações são do O Globo.
A MNTB vem ilustrando diferentes notícias ligadas à Funai, já que o atual coordenador responsável pela pasta de índios isolados, Ricardo Lopes Dias, foi missionário da entidade. Lopes Dias afirma não ter mais vínculo com a ONG, mas a reportagem destaca que “o antropólogo continua ativo nos bastidores” da MNTB.
A MNTB, atua na evangelização de indígenas na Amazônia desde os anos 1950. Em 1990, a Funai chegou retirar a entidade de área indígena no Pará, pelo contato com os índios zoés. Apesar disso, a entidade insiste em atuar nas áreas de tribos isoladas, sem ação estratégica, indo contra a política de não contato garantida pela Constituição.
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Desde de o ínicio de março, o Ministério Público Federal (MPF) não recomenda o contato com indígenas como medida de contenção na transmissão do Covid-19. Mas, segundo um agente de saúde local, entre o final março e o início de abril foram realizadas três viagens do helicóptero da MNTB à região do Vale do Javari.
Procurado, o presidente da organização, Edward Luz, disse que os religiosos foram retirados das Terras Indígenas em fevereiro. Mas ao ser questionado sobre a presença do missionário Jevon Rich na região, entre as aldeias Paraná e Vida Nova, o pastor disse que “ele foi o último a sair”, no dia 19 de março.
A MNTB teria realizado as viagens por conta própria e sem a autorização da Funai, que controla o ingresso a Terras Indígenas. O presidente da MNTB disse que teria enviado à Funai um documento de autorização, que apresenta contradições nas datas, mas o órgão não confirma a informação.
Contudo, apesar de negar a autorização dos voos da MNTB ao Vale do Javari, a Funai afirmou que “os missionários contam com o consentimento de lideranças indígenas para a permanência no local”.
A reportagem do O Globo ainda aponta o desrespeito da entidade sobre as regras de operações de aeronaves da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), referentes aos itens “1,2 e 4 do regulamento da Anac (RBHA 91.327): entrar no local desde que não haja proibição de operação, entrar somente com autorização do proprietário ou responsável pelo local e que a operação não se torne frequente”.