Cada vez mais, o potencial da Amazônia para negócios baseados em uma economia verde e sustentável vêm chamando a atenção de organizações dentro e fora do Brasil, interessadas em explorar as possibilidades da bioeconomia na região. Esse movimento crescente favorece o desenvolvimento do ecossistema de impacto amazônico, que já tem como cases de sucesso empreendimentos que valorizam a biodiversidade, a cultura e o modo de vida das populações da Amazônia.
Um desses cases é a Tucum, um marketplace de artes indígenas. Desde 2013, a plataforma assessora organizações indígenas na estruturação da cadeia produtiva do artesanato, no desenvolvimento de seus negócios, além de serem parceiros comerciais nas vendas de seus produtos. Em 2020, o empreendimento recebeu da Amaz, aceleradora de impacto coordenada pelo Idesam, R$ 370 mil para desenvolver a iniciativa que, atualmente, beneficia uma rede de artesãs de 27 povos e comunidades indígenas.
“O investimento que recebemos da Amaz foi um grande divisor de águas em nosso negócio. Até então, tirávamos dinheiro do bolso, acreditando muito que íamos dar certo. Várias vezes pensei em desistir e fechei a loja física para investir só no online. Foi com essa intenção que montamos um plano de negócio e submetemos a proposta para a Amaz, quando fomos selecionados”, relata a sócio-fundadora da Tucum, Amanda Santana.
Além do investimento de capital, a plataforma recebeu assessoria técnica da aceleradora para se aprimorar e mensurar os impactos socioambientais da Tucum dentro das comunidades. “Mais que comercializar e vender, queremos atuar na ponta, dentro das comunidades com as organizações indígenas para alavancar e trazer autonomia para esses pequenos grandes negócios da floresta”, diz Amanda.
Busca por investimento
Agora, a Tucum se prepara para buscar novos investidores e já tem a oportunidade ideal para a empreitada: o 2º Festival de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA), que acontece nesta terça e quarta-feira, dias 29 e 30 de novembro, no Studio 5 Centro de Convenções, em Manaus (AM). O evento reúne empreendedores, investidores, financiadores, organizações da sociedade civil e diversos outros atores para debater oportunidades e desafios para o desenvolvimento do ecossistema de impacto amazônico, a bioeconomia e o futuro da Amazônia. Na primeira edição do evento, realizada em 2018, foram investidos R$ 1,1 milhões em quatro negócios de impacto durante a rodada de investimentos.
A sócia-fundadora da Tucum afirma que já está com o pitch ‘debaixo do braço’ para apresentar aos possíveis investidores um novo projeto, a Casa Tucum, uma loja física para as artes indígenas. “O FIINSA traz a oportunidade para os empreendedores locais participarem de uma rodada de investimentos e fazer networking. Torço para que mais iniciativas como essa existam, porque o número de empreendedores de impacto têm crescido, mas ainda temos um grande gargalo que é empreender na Amazônia”, avalia Amanda.
Amanda não é a única a enxergar no FIINSA uma oportunidade de desenvolvimento do ecossistema de impacto amazônico. Joanna Martins, CEO da Manioca, empresa de produtos alimentícios baseados em matérias-primas da Amazônia, é mais uma empreendedora que sabe a importância de fomentar e apoiar negócios que geram impacto positivo para a floresta.
“O FIINSA é o único evento que se propõe a falar sobre negócios de impacto socioambiental, então a difusão desse conhecimento é muito importante. Há muitas empresas que têm a sustentabilidade como core e não percebem porque é muito natural na Amazônia trabalhar dessa forma”, afirma Joanna.
A Manioca também foi uma indústria acelerada pela Amaz, recebendo investimento de R$ 350 mil. Joanna conta que ela e os sócios viram de perto o nascimento de um ecossistema de impacto socioambiental na região, a partir de iniciativas como a Amaz. “Foi interessante ver outros negócios como o nosso e perceber que não estávamos sozinhos nesse processo. Na Manioca acreditamos que o melhor modelo para se desenvolver a Amazônia é o de negócios de impacto, por isso é fundamental que a educação sobre o tema seja difundida, assim como os cases, para que sirvam de exemplo e inspiração para novos projetos”, argumenta.
Com oito anos de atuação, a Manioca trabalha para popularizar e produzir alimentos naturais com matérias primas provenientes da Amazônia, desde a mandioca até o cupuaçu. Toda a produção é feita de forma sustentável, beneficiando diretamente 950 pessoas entre povos e comunidades tradicionais, ribeirinhos e produtores da agricultura familiar.
Ponto de encontro para investidores e empreendedores
Empreendimentos como Tucum e Manioca participarão de mesas temáticas do FIINSA, compartilhando suas jornadas com outros empreendedores. A programação do Festival inclui painéis com representantes de organizações e empresas como Amazônia 4.0, Natura, BNDES, Bemol, Imaflora, Americanas, além de empreendedores e empreendedoras de impacto com atuação na Amazônia, lideranças indígenas, cooperativas e associações. Conta também com um mercado de produtos e serviços, onde será possível conhecer o trabalho desses negócios e adquirir produtos.
“A Amazônia atrai muito interesse pelo potencial da sua biodiversidade e bioeconomia, mas é preciso potencializar os empreendimentos na região. É isso que o FIINSA se propõe a fazer, reunir empreendedores, investidores e outras organizações para, juntos, pensar em negócios que tenham impacto positivo para o desenvolvimento da floresta”, explica o diretor de novos negócios do Idesam e CEO da AMAZ, Mariano Cenamo.
“A Tucum e a Manioca estão entre os 18 negócios do portfólio da Amaz. São exemplos de negócios que atuam para gerar impactos positivos para a floresta e suas populações. Queremos potencializar mais empreendimentos como esses, na busca por soluções para os problemas socioambientais e para o desenvolvimento e qualidade de vida da Amazônia”, finaliza o CEO.