Projeto de controle do Aedes aegypti é executado em parceria entre a prefeitura e a Fiocruz

Foto: Divulgação/Semsa
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A Prefeitura de Manaus, em parceria com o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), encerrou nesta terça-feira (19/10), a instalação de 288 ovitrampas – armadilhas que simulam o ambiente para a proliferação do Aedes aegypti – em 144 imóveis no bairro Compensa, zona Oeste. O trabalho, iniciado na segunda-feira, 18, e executado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), representa uma das etapas do projeto de Controle do Aedes com Estações Disseminadoras de Larvicida, que já é realizado pela Fiocruz em nove estados brasileiros.

Em Manaus, além do bairro Compensa, as ações do projeto, iniciadas em 2018, já foram realizadas nos bairros Glória, São Raimundo e Santo Antônio.

Conforme o chefe do setor de Controle de Endemias do Distrito de Saúde (Disa) Oeste, Rubens Santos Souza, a instalação das ovitrampas em todo o bairro Compensa foi realizada por 21 agentes de endemias, divididos em equipes com o apoio de representantes da Fiocruz Amazônia, e cada imóvel, selecionado por amostragem, recebeu duas armadilhas, em um perímetro de alcance de 150 metros.

“O objetivo dessa fase do projeto é identificar o nível atual de infestação do Aedes aegypti nesta área do município de Manaus. Para isso, são utilizadas as ovitrampas, que tem formato de vaso plástico, onde é colocado um pouco de água e um produto atrativo para a fêmea do mosquito, formando um ambiente propício para a reprodução do Aedes. As armadilhas ficam instaladas por um período de uma semana a cada mês. Depois desse período, elas são recolhidas para identificar a quantidade de ovos e larvas depositadas pelo mosquito”, informa Rubens.

O coordenador do projeto da Fiocruz Amazônia, pesquisador Sérgio Luz, explicou que após a fase de levantamento da dinâmica populacional do mosquito, nos imóveis do bairro Compensa, será realizada em 2022, a próxima etapa do projeto, a instalação das Estações Disseminadoras de Larvicida, a partir de uma base de dados sobre a infestação do Aedes.

As estações são baldes plásticos com um pano com larvicida, contendo um pouco de água, o que faz com que o mosquito seja atraído para colocar os ovos. Quando o mosquito pousa na estação, fica impregnado com o larvicida, ajudando a espalhar o produto para outros criadouros.

“O mosquito pousa em vários lugares para colocar os ovos e com isso ajuda a dispersar o larvicida para outros locais com criadouros. Isso tem dado bastante resultado e já é uma iniciativa aprovada e recomendada pelo Ministério da Saúde para as ações de controle do Aedes”, afirma o pesquisador.

O princípio da estratégia, ressaltou Sérgio Luz, já foi testado e aprovado em outras capitais, como Recife (PE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO). “O desafio agora é avaliar como implementar essa estratégia em uma cidade grande, complexa e urbanizada como Manaus, de forma segura e que produza resultado eficiente em um complexo urbano como o nosso. Por isso, as ações estão sendo feitas em etapas e em parte de aglomerados urbanos”, informou Sérgio.

De acordo com o coordenador técnico do projeto, pesquisador José Joaquin Cortes, o trabalho desenvolvido nos bairros Glória, São Raimundo e Santo Antônio resultou em uma redução de 46% da infestação do Aedes nessas localidades nos últimos dois anos, comparado com o nível de infestação anterior à instalação das Estações Disseminadoras de Larvicida.

“No LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti), realizado pela Semsa, a gente tem conseguido manter o bairro da Glória com o índice de baixo risco de infestação desde 2019, e já começou a reduzir tanto no bairro Santo Antônio quanto no São Raimundo. E o trabalho realizado em Manaus é o modelo experimental para aplicar a estratégia na expansão em nível nacional, que vai ocorrer no próximo ano, na rotina de controle do Aedes nos municípios e Estados brasileiros”, informa Joaquin.

Casos

O chefe do Núcleo de Controle da Dengue da Semsa, Alciles Comape, explica que o registro de número de casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti mostra que a estratégia de utilização das Estações Disseminadoras de Larvicida tem impactado de forma positiva no controle de dengue, chikungunya e zika, em especial no bairro da Glória.

“Este ano, o bairro da Compensa, onde ainda não foram implantadas as estações, registrou 472 casos confirmados de dengue, um de zika e quatro de chikungunya. Já o bairro da Glória registrou apenas dez casos confirmados de dengue e não registrou casos confirmados de zika ou chikungunya”, destaca Alciles.

O município de Manaus registrou este ano 3.669 casos confirmados de dengue, 51 chikungunya e 48 de zika vírus.

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