O teórico da conspiração americano Alex Jones foi condenado a pagar US$ 965 milhões a várias famílias de vítimas do massacre de Sandy Hook, por alegar falsamente que o assassinato de 20 alunos e 6 educadores na escola de ensino fundamental em Connecticut foi encenada pelo governo e pelos familiares.
O veredicto desta quarta-feira (12/10) pôs fim a um processo de difamação movido por parentes das vítimas e pelo agente da polícia federal que atuou no caso.
Ele foi dado após três semanas de depoimentos em um tribunal em Waterbury. Jones também terá de arcar com os honorários dos advogados, e o valor final será definido em novembro.
Advogados das famílias de oito vítimas disseram no julgamento que Jones lucrou por anos com as mentiras sobre o massacre, que geraram tráfego para seu site Infowars -no qual desinformação é veiculada largamente- e impulsionaram a venda de seus produtos, dentre os quais suplementos alimentares.
Devido às mentiras, os familiares sofreram por uma década assédio e ameaças de morte por parte dos seguidores de Jones, argumentou um dos advogados, Chris Mattei. “Cada uma dessas famílias estava se afogando no luto, e Alex Jones colocou o pé em cima delas”, disse ele aos jurados.
A defesa do conspiracionista alegou que os familiares haviam mostrado poucas evidências de perdas quantificáveis. Seu advogado, Norman Pattis, também pediu aos jurados que ignorassem as tendências políticas do caso. “Esse não é um caso sobre política, mas que trata de quanto compensar os requerentes.”
Jones também testemunhou, recusando-se a pedir desculpas às famílias e criticando seus detratores chamados de “progressistas”. Ele e seus apoiadores caracterizaram o processo repetidas vezes como uma tentativa de cerceamento à liberdade de expressão -o argumento, com o qual Jones tentou derrubar as ações na Justiça, é frequentemente usado por políticos como Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Depois de divulgar mentiras sobre o massacre em Sandy Hook, afirmando em seu programa de rádio que o atentado a tiros na escola havia sido uma montagem dos defensores do controle de armas e que os pais das vítimas eram atores, reconheceu posteriormente que o caso havia sido “100% real”.