Site divulga novas mensagens atribuídas a Moro em que ele sugere resposta da Lava Jato a 'showzinho' da defesa de Lula

A partir da esquerda: o ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, o ex-procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima e o líder coordenador da força-tarefa da Lava Jato — Foto: Reprodução/TV Globo Luciano Calafiori/G1 Reprodução/RPC
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O site Intercept publicou na noite desta sexta-feira (14) novas mensagens atribuídas ao então juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato.

Segundo o site, este pedido seria mais uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex em Guarujá (SP). E que estaria sugerindo estratégias para que os procuradores realizassem uma campanha pública contra o próprio réu que eles julgavam.

A troca de mensagens começa em 10 de maio de 2017, dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ouvido por Moro pela primeira vez no processo do triplex.

O site relembra que, após o julgamento, Lula fez um pronunciamento. Por 11 minutos, atacou a Lava Jato, o Jornal Nacional e o então juiz Sérgio Moro.

Depois de tomar conhecimento de uma coletiva da defesa de Lula, segundo o Intercept, Moro teria encaminhado as seguintes mensagens ao então procurador Carlos Fernando dos Santos Lima:

Moro – 22:12 – talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele

Moro – 22:13 – por que a defesa já fez o showzinho dela.

Santos lima – 22:13 – podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.

Em seguida, segundo o site, Santos Lima, que viajaria para Pernambuco no dia seguinte, conversa no grupo da assessoria de imprensa do Ministério Público.

Santos Lima: será que não da para arranjar uma entrevista com alguém da globo em recife amanha sobre a audiência de hoje.

A assessoria não achou boa a sugestão.

Depois, segundo o Intercept, Santos Lima encaminha sua conversa com Moro para o procurador Deltan Dallagnol, que responde em um grupo que reúne integrantes do Ministério Público.

Deltan – 22:46:46 – então temos que avaliar os seguintes pontos: 1) trazer conforto para o juízo e assumir o protagonismo para deixá-lo mais protegido e tirar ele um pouco do foco; 2) contrabalancear o show da defesa.

Deltan – 22:47:19 – esses seriam porquês para avaliarmos, pq ng tem certeza.

Deltan – 22:47:50 – o “o quê” seria: apontar as contradições do depoimento.

Deltan – 22:49:18 – e o formato, concordo, teria que ser uma nota, para proteger e diminuir riscos. O jn vai explorar isso amanhã ainda. Se for para fazer, teríamos que trabalhar intensamente nisso durante o dia para soltar até lá por 16h

Segundo o Intercept, Dallagnol também encaminha mensagem para um grupo de assessores de imprensa do Ministério Público cogitando a possibilidade de produzir a nota sobre o depoimento de Lula.

Deltan – 23:05:51 – caros, mantenham avaliando a repercussão de hora em hora, sempre que possível, em especial verificando se está sendo positiva ou negativa e se a mídia está explorando as contradições e evasivas. As razões para eventual manifestação são: a) contrabalancear as manifestações da defesa. Vejo com normalidade fazer isso. Nos outros casos não houve isso. B) tirar um pouco o foco do juiz que foi capa das revistas de modo inadequado.

O Intercept afirma que os procuradores, acatando a sugestão de Moro, distribuíram uma nota à imprensa, repercutida por “Folha de S. Paulo”, “Estadão”, Jovem Pan e todos os principais veículos e agências do país. As notícias são centradas justamente na palavra desejada pelo juiz: “contradições”.

O Intercept, que citou três vezes em sua reportagem o Jornal Nacional, não destacou o fato de que o JN não deu uma linha sequer da nota dos procuradores, embora fosse absolutamente legítimo publicá-la, como fez a GloboNews. O JN limitou-se a divulgar trechos do depoimento do ex-presidente Lula, sem comentá-los.

Ao Intercept, a assessoria de imprensa de Moro enviou a seguinte nota:

“O Ministro da Justiça e Segurança Pública não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente”.

*Por G1

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