Vereadora Benny Briolly denuncia racismo religioso na Câmara de Niterói

Vereadora Benny Briolly, durante defesa de projeto de lei que pretendia instituir 12 de novembro como o “Dia de Maria Mulambo protetora de Niterói” - Foto: Reprodução/ Instagram
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Na última quinta (10/03), a vereadora Benny Briolly (PSOL) denunciou ter sofrido racismo religioso na Câmara Municipal de Niterói, durante a apresentação de um Projeto de Lei (PL).

O PL pretendia instituir 12 de novembro como o “Dia de Maria Mulambo protetora de Niterói” — entidade cultuada por religiosos de matriz africana.

A parlamentar informou que prepara uma denúncia para formalizar ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

Contexto

Um dos vídeos gravados durante a sessão mostra pessoas contrárias ao projeto de lei gritando frases como “Sai fora, macumbeiro” e “Protetor é Jesus Cristo”. A votação era acompanhada por representantes de religiões de matriz africanas e por grupos de fiéis de outros credos.

Enquanto a parlamentar defendia o projeto de lei, algumas pessoas bradavam palavras de ordem condenando a proposta e gritos de “Jesus Cristo é o Senhor” e “Niterói é de Jesus”.

“Na hora da votação, o vereador Douglas Gomes (PTC) começou a proferir ataques de racismo religioso, incitando pessoas que estavam no plenário, e começou uma série de ataques e xingamentos. Houve quem chegasse a ser agredido fisicamente, a sessão foi interrompida e o projeto será novamente votado na próxima quarta-feira. Estamos tomando medidas cabíveis e preparando uma denúncia, porque essas coisas não podem acontecer”, disse a parlamentar.

À CNN, o vereador Douglas Gomes disse que não ocorreram ofensas direcionadas a vereadora ou a seus apoiadores e que o grupo parecia estar “possuído”:

“Minha visão é de um parlamentar terrivelmente cristão e conservador e não abro mão dos meus valores e princípios e, portanto, sou radicalmente contra este projeto e qualquer outro que vá contra minha fé”, avaliou o vereador Douglas Gomes.

Ações

A escolha da data, segundo a vereadora, tem relação com o mês da Consciência Negra. Benny foi a primeira parlamentar trans eleita em Niterói e em maio do ano passado precisou sair do país para se proteger devido a ameaças que, na ocasião, denunciou estar sofrendo.

Ela chegou a receber mais de 20 ameaças em sua rede social e o caso passou a ser investigado pela Polícia Civil do Rio (PC-RJ).

Em nota, o presidente da Câmara Municipal de Niterói, vereador Milton Carlos Lopes, disse que “em razão da matéria proposta pela vereadora Benny, ocorreram debates acalorados com posicionamentos diversos, dentro do respeito que o parlamento exige e o Estado de Direito determina. Tudo dentro do campo da ideia e convicção”.

A Casa Legislativa também informou que “até o momento não foi noticiado por qualquer parlamentar nenhum tipo de ofensa e, caso tenha ocorrido eventual racismo de qualquer espécie, que ainda não foi noticiado pelo ofendido, assim que formalizado, será prontamente adotada as medidas cabíveis para a sua apuração e punição”.

Fonte: CNN.

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