SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tudo em torno de “Vingadores: Ultimato” é hiperbólico. O clímax dos 11 anos daquilo que ficou conhecido como Universo Cinematográfico Marvel traz centenas de super-heróis, a duração ultrapassa as três horas e o orçamento gira em torno do US$ 300 milhões. Mas a marca que vai ficar para sempre é a de primeiro filme a quebrar a barreira de US$ 1 bilhão em faturamento de bilheteria em seu fim de semana de estreia.
A continuação de “Vingadores: Guerra Infinita”, saga criada para encerrar o primeiro ciclo da Marvel nos cinemas, teve uma performance acima de todas as análises prévias e rendeu cerca de US$ 1,2 bilhão no mundo todo, segundo a projeção divulgada neste fim de semana. O recorde anterior era do próprio “Guerra Infinita”, que rendeu US$ 640 milhões na estreia, ano passado.
Mas existe uma grande diferença entre os dois filmes.
Enquanto o anterior não teve um lançamento simultâneo com a China, maior mercado internacional da atualidade, a Disney, dona da Marvel, apostou no país ao lançar o novo longa. Os chineses lotaram os cinemas, gerando o melhor dia de estreia no país com US$ 107 milhões. Nos cinco dias desde estreia, a produção acumulou US$ 330 milhões e já se tornou o quarto maior filme estrangeiro por lá.
Os números só perdem para os Estados Unidos, onde “Ultimato” faturou US$ 350 milhões no primeiro fim de semana, batendo facilmente os recordes anteriores de “Guerra Infinita” (US$ 257 milhões), “Star Wars: Os Últimos Jedi” (US$ 220 milhões) e “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros” (US$ 208 milhões).
Algumas redes de cinemas, como a AMC, nem fecharam suas salas por três dias seguidos, com sessões ininterruptas lotadas –foram mais de 60 mil delas até o domingo.
O total internacional de “Vingadores: Ultimato” ficou em US$ 859 milhões, outro recorde. Além da estreia no topo na China e nos EUA, o longa bateu recordes de melhor primeiro fim de semana em mais 44 países, inclusive no Brasil, onde gerou US$ 26 milhões, ou R$ 102 milhões, segundo o site Box Office Mojo.
Ao todo, foram 20 recordes batidos pelo longa dos irmãos Joe e Anthony Russo, mostrando que novos números podem ser caçados pela indústria do cinema, apesar da concorrência com o streaming.
O próximo alvo de “Vingadores: Ultimato” é alcançar o topo da maior bilheteria de todos os tempos, ainda pertencente a “Avatar”, lançado há dez anos. O filme de James Cameron é um fenômeno. Sem ser baseado em personagens de gibis ou livros, ele rendeu US$ 2,7 bilhões quando a China só tinha cerca de 5.000 salas de cinema –hoje, o país ostenta 66 mil telas.
A campanha de marketing deve ajudar nesta missão. A Marvel investiu mais de US$ 200 milhões para divulgar o longa. É o maior valor desembolsado pela empresa para uma campanha promocional, ultrapassando “Guerra Infinita” (US$ 150 milhões) e “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” (US$ 140 milhões).
O mais inusitado é que a Marvel gastou essa fortuna para uma espécie de anticampanha. Desde que liberou o primeiro trailer, em dezembro, a empresa mostrou que não estaria disposta a seguir o caminho comum dos blockbusters, preferindo esconder a trama e divulgar poucos spoilers.
Os números não mentem a estratégia do “menos é mais”. O canal oficial da Marvel no YouTube exibiu só dois trailers e oito clipes. Para se ter uma ideia, “Vingadores: Era de Ultron”, segundo longa do grupo de heróis liderados por Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e Capitão América (Chris Evans), estreou em maio de 2015 com quatro trailers e 58 vídeos promocionais curtos.
Além da escassez de material, a Marvel fez questão de esconder detalhes da trama.