O líder chinês, Xi Jinping, anunciou na sexta-feira (22/09) o estabelecimento de uma nova “relação estratégica bilateral” com o regime sírio, liderado por Bashar al-Assad. Esta visita marca a primeira vez que Assad viaja à China desde 2004, com o objetivo de romper o isolamento diplomático imposto à ditadura desde o início de sua guerra civil, que já dura 12 anos.
Durante uma reunião com Assad, Xi declarou que, em face de um cenário internacional marcado por instabilidades e incertezas, a China deseja continuar colaborando com a Síria. Ele ressaltou que a amizade entre os dois países se fortaleceu com o tempo, conforme reportado pela emissora estatal chinesa CCTV.
Essa nova relação estratégica incluirá esforços para revitalizar a economia síria, que foi devastada pelo longo conflito e pelo terremoto de fevereiro que causou mais de 8.000 mortes no país. Xi também ofereceu apoio a Assad para lidar com as agitações internas resultantes do conflito.
No entanto, essas ofertas não são apenas altruístas. A China está buscando conquistar apoio de outros países para enfrentar os Estados Unidos na chamada “Guerra Fria 2.0”. A região do Oriente Médio tem se mostrado uma área onde a China tem obtido algumas vitórias diplomáticas, como a mediação da reaproximação entre o Irã, aliado da Síria, e a Arábia Saudita após sete anos de rompimento.
A localização estratégica de Damasco é de grande importância para Pequim, já que está situada entre países como o Iraque, um fornecedor significativo de petróleo para a China, a Turquia, ponto final de corredores econômicos entre a Europa e a Ásia, e a Jordânia, que desempenha um papel mediador em disputas no Oriente Médio.
Assad, por sua vez, busca apoio financeiro para reconstruir seu país e reabilitar sua imagem internacionalmente, após ser considerado um pária devido ao massacre contra seus próprios cidadãos durante a guerra civil. Entre 2011, início do conflito, e 2021, ele só havia deixado a Síria para visitar a Rússia e o Irã, seus principais aliados.
Nos últimos anos, o regime sírio conseguiu alguns avanços em sua tentativa de se reintegrar ao cenário mundial, como ingressar na Iniciativa Cinturão e Rota da China e ser readmitido na Liga Árabe. Seu retorno à Liga Árabe foi facilitado pela solidariedade internacional após o terremoto em fevereiro e pela mediação da China na reconciliação entre o Irã e a Arábia Saudita, com o objetivo de limitar a influência iraniana na região.
A China, assim como a Rússia e o Irã, manteve laços com o ditador mesmo durante seu período de isolamento diplomático, e agora busca colher os frutos dessa relação com a Síria. Xi Jinping afirmou que a China está disposta a fortalecer a cooperação com a Síria por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota, contribuindo para a paz e o desenvolvimento regional e global, durante seu encontro com Assad. No sábado, Assad participa da abertura dos Jogos Asiáticos em Hangzhou.