Milhares de figurinos cênicos e adereços confeccionados por várias mãos. São costureiras e aderecistas, que dedicam horas nos galpões, cortando, alinhavando, costurando e finalizando figurinos e adereços.
Em contagem regressiva para o 57º Festival de Parintins, o trabalho corre contra o tempo, sobressaindo sempre o talento e a experiência.
Neste ano, o Festival de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus) chega a sua 57ª edição. Realizado nos dias 28, 29 e 30 de junho, no Bumbódromo, o festival fomenta a indústria da cultura.
Nos galpões, os postos de trabalho são também de confiança, sobretudo no setor de costura, onde todos os figurinos cênicos são guardados a sete chaves. Em ambos os galpões, do Caprichoso e do Garantido, as equipes são formadas por mais de 10 costureiras, compondo o que se chama de trabalhadores da cultura que, durante a temporada bovina, encontram uma oportunidade para reforçar a renda.
A costureira Silita, como é conhecida e gosta de ser chamada, tem 66 anos e diz que desde os 13 anos se dedica à costura. “Há mais de anos trabalho no Caprichoso e eu gosto muito, faço com muito prazer ainda mais para o meu boi”, disse. “Eu trabalho no horário de expediente, mas como sou idosa, saio mais cedo, é muito animado aqui e eu amo o que faço”, revela Silica, que se diz valorizada no mercado de trabalho, dividindo a costura de centenas de figurinos com as demais costureiras de diferentes gerações.
Entre tantas mulheres, o costureiro Francisco Cruz dá continuidade ao trabalho de alfaiataria do pai e assume a função há mais de 30 anos, no circuito bovino. “Meu pai era alfaiate do circuito bovino, do Caprichoso. Ele parou e eu segui na carreira”, disse. “Mesmo com tempo de estrada, fico muito emocionado quando vejo um dos figurinos que costurei na arena. Fico muito orgulhoso, emocionado de ver na arena o que costurei”, completa.
No galpão do Garantido, a arte da costura também acumula talentos, histórias de amor à cultura popular do boi-bumbá. Lucivone Santos, 43, é responsável por uma equipe de costureiras, responsável por produzir os figurinos para as três noites do festival. “Eu trabalhava com o meu esposo, que é artista, montamos umas peças e saiu muito bonito. O pessoal viu que o trabalho das costureiras ficava bonito nas tribos e a equipe foi sendo formada”, lembra. “O nosso setor de costura do tribal está sendo reconhecido. É com o que a gente apresenta na arena, que muitas das costureiras são chamadas para trabalhar em outras festas, inclusive em outros estados”, revela.
O aderecista Afonso Ucranio integra a equipe do Garantido. A equipe de quatro pessoas executa os projetos aprovados pela comissão de arte da agremiação, entretanto, para Afonso, o trabalho vai além do ofício. “A gente que gosta, trabalha no ramo, a gente não entrega um pouco boi e sim 100%. Tudo que a gente coloca aqui é gratificante, não vou dizer que é meu trabalho, é tudo do boi. E assim como no Carnaval, que só termina depois da linha amarela, também é o boi”, destaca Afonso.