A ONG Vaga Lume atua há mais de duas décadas na Amazônia Legal, promovendo o acesso aos livros, a formação de mediadores de leitura e a implantação e gestão de bibliotecas comunitárias, principalmente na região Norte. Como não poderia deixar de ser, por ser um projeto voltado ao fomento da leitura na Amazônia Legal, as questões ambientais têm uma presença importante no acervo das bibliotecas da Vaga Lume.
Embora o Brasil seja imensamente diverso, a literatura de autores nortistas ainda é desconhecida por muitos, mesmo a região sendo um grande celeiro de escritores. Uma das missões da Vaga Lume é fomentar o empoderamento de crianças e adolescentes por meio dos livros, a partir de uma curadoria que preza pela valorização da diversidade cultural e pelo respeito à potência dos povos da floresta.
“O Brasil é um país de imensa diversidade, e essa riqueza obviamente se reflete também na nossa literatura. As histórias da região norte nos trazem narrativas sobre povos indígenas, tradições ancestrais e, claro, sobre a floresta amazônica. Como organização que atua nos estados da Amazônia Legal, temos por princípio dar voz à cultura e às tradições deste território no acervo que enviamos anualmente para as bibliotecas comunitárias”, afirma Lia Jamra, Diretora Executiva da Vaga Lume.
Para mergulhar nessa literatura, a Vaga Lume selecionou títulos de escritores que nasceram ou foram formados em cinco estados da região Norte — Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima — e que perpetuam, em suas páginas, a valorização dos saberes, das culturas e dos povos amazônicos.
AMAPÁ
Ed. Rebuliço
De bubuia com vovó Anica (Ed. Rebuliço)
Autora: Lucia Morais Tucuju
Ilustradora: Luciana Grether
O livro traz as memórias de infância, ao lado da sábia avó Anica, da indígena Lucia Tucuju (professora de educação infantil e escritora), do povo Galibi Marworno (Amapá).
AMAZONAS
Ed. Salamandra
Amazonas – Água, pássaros, seres e milagres (Ed. Salamandra)
Autor: Thiago de Mello
Ilustrador: Demóstenes
O livro faz uma viagem pela paisagem e pelo imaginário do Amazonas, o pedaço mais verde do planeta, e nos apresenta as águas, a mata, a história e a cultura do povo amazonense. Fala sobre o poder de cura das várias ervas da floresta. Traz os sons dos pássaros e dos ventos, descreve os peixes que povoam as águas dos rios e oferece receitas suculentas. E nos permite conhecer, principalmente, o homem que habita esta região e que vive a sua relação com a floresta de forma equilibrada e amorosa.
Ed. Barbatana
Manaus (Ed. Barbatana)
Texto e ilustração: Irena Freitas
Um “livro-cidade” que narra um dia pelas ruas de Manaus, traduzindo em imagens e palavras os sons, cores, cheiros e sabores da deslumbrante capital amazonense. Uma cidade cercada pela Floresta Amazônica, em que seus habitantes compartilham o dia a dia em meio a uma cultura singular.
PARÁ
Ed. Peirópolis
As serpentes que roubaram a noite e outros mitos (Ed. Peirópolis)
Autor: Daniel Munduruku
Ilustrações: crianças Munduruku da ldeia Katõ
Este livro traz mitos contados pelos velhos da aldeia – histórias que nos remetem a um tempo muito distante de nossos dias e que são contadas e recontadas às crianças indígenas como forma de despertar nelas o amor pela própria história e pelas lutas de seu povo. Tocam o fundo do coração e são uma excelente oportunidade de integração com o universo infanto-juvenil indígena e seus valores.
Brasa Editora
Castanha do Pará (Brasa Editora)
Autor e ilustrador: Gildati Jr
Castanha do Pará reconta, em forma de fábula, uma realidade cada vez mais comum nos dias de hoje, o das crianças de rua. Castanha é um menino-urubu que vive suas aventuras pelos cenários do tradicional mercado público Ver-o-Peso, em Belém do Pará. Mora sob o céu aberto e sobrevive dos pequenos furtos e das migalhas de bondade que sobram do mundo ao seu redor.
RONDÔNIA
Ed. Caos e Letras
Eu sou macuxi e outras histórias (Ed. Caos e Letras)
Autora: Julie Dorrico
Ilustrador: Gustavo Caboco
A obra de estreia de Julie Dorrico pode ser lida de muitas formas. É uma celebração dos povos indígenas; de sua vida, seu idioma, seus símbolos e sua história. É o resgate e a afirmação da identidade de uma descendente do povo Macuxi. E, além de tudo, pode ser lido como um libelo a favor da luta dos povos indígenas por suas terras, sua memória, seu modo de vida. Ao longo da narrativa, memórias pessoais da narradora e o imaginário de um povo se cruzam em uma linguagem envolvente e poética.
Ed. Companhia das Letras
Originárias: Uma antologia feminina de literatura indígena (Ed. Companhia das Letras)
Autores: Trudruá Dorrico e outros autores
Ilustração: Maurício Negro
A obra é uma antologia com narrativas de doze autoras contemporâneas de diferentes nações indígenas. A partir de sonhos, vivências comunitárias, histórias e modos de vida passados de geração em geração e da observação da natureza, as escritoras tratam dos mais diversos temas: aventuras, relações familiares, histórias de amor e amizade, contos de origem. Mesclando ficção com não ficção, as narrativas são acompanhadas por um glossário e um texto informativo sobre o povo indígena originário de cada autora.
RORAIMA
Ed.: Zit
A boca da noite (Ed.: Zit)
Autor: Cristino Wapichana
Ilustradora: Graça Lima
A boca da Noite, livro da Zit Editora, traz uma história fascinante e cheia de surpresas para crianças e jovens curiosos. É um livro que conta um pouco da infância, da família, do cotidiano e da criatividade do povo Wapichana. Os irmãos Dum e Kupai vão até Laje do Trovão, o lugar mais perigoso da aldeia! Para aumentar a adrenalina, os garotos ainda tiveram que ir dormir depois da história que seu pai contou sobre a Boca da Noite. Kupai, se pergunta antes de dormir: será que essa boca tem dentes? Ela fala? Tem nariz? E se tem boca, deve ter cabeça e corpo, não é mesmo?
Edições SM
Tomoromu a Árvore do Mundo (Edições SM)
Autor: Cristino Wapichana
Ilustrador: Maurício Negro
Nos tempos ancestrais Tomoromu, árvore gigantesca e poderosa, dava frutas perfumadas, deliciosas e doces. Um dia, é descoberta por animais e pessoas da região, acostumados a comer frutas amargas ou azedas, até então as únicas que haviam. Porém, a ganância levou à exploração da grande árvore até sua derrubada, alterando para sempre os rumos daquele universo primordial e fazendo surgir o mundo tal qual é hoje, com a escuridão e a luz do dia, árvores variadas, rios, igarapés e o monte Roraima, onde vivem os Wapichana e outros povos indígenas.